sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A Metaleira

Texto e Fotos: Felipe Gurgel


Rômulo, Márcio (de boné) e Gustavo (à direita) conversam sobre os arranjos de sopro

A gravação do naipe de metais das músicas "Perfume ao Vento" (Daniel Groove) e "Ela" (Pantico Rocha) foi o foco da última sessão antes das festas de fim de ano. Na segunda, último dia 14, o veterano saxofonista Márcio Rezende conduziu o registro da "metaleira" ao lado de Rômulo Santiago (trombone) e do sonolento Ricardo Abreu (trumpete). Logo às 9h da manhã, Gustavo cifrava Perfume ao Vento para o Márcio não perder tempo na criação dos arranjos da música. Enquanto isso, pouco depois, Rômulo e Ricardo chegavam e tomavam partido do que estava acontecendo. Eles se revezam nos metais da Groovytown. "A gente toca de galho em galho", conta o trombonista.

Os músicos ainda conheciam a cifra da música na sala da técnica quando o Danilo Guilherme chegou no estúdio. Quem acompanha este blog sabe que o Danilo está em todas na gravação de Movimento*. E fica tirando foto aqui e acolá. "Já viu disco voador? Os caras estão bem ali perto da minha casa, das antenas de televisão", dizia ele, me mostrando a imagem de algumas luzes esquisitas no céu.

Posicionando os microfones para o registro dos metais, Gustavo me avisa que a (cantora) Kátia Freitas topara gravar "Ela Jazz", mas que antes precisava ouvir a música e conferir se teria algo a contribuir com o arranjo. Ela já ouviu a versão da Macula no My Space depois que o produtor encaminhou alguns links da banda. "Ela gostou (da música), mas não entendeu nada da letra", observa ele.

O trio de músicos entra na sala de gravação para se posicionar e começar os trabalhos com "Perfume ao Vento", sob uma espontaneidade natural entre eles e com Gustavo. Mais velho que os outros dois, Márcio Rezende puxa o saxofone guardado: "esse case tem mais de 30 anos". Dos mais novos, Rômulo é o mais falante e solta piada o tempo todo. Ricardo, mais quieto, não escondia que morria de sono. Depois de passarem o som com a música e treinarem a respiração, alguém avisa: "A boa, agora". O trio passa um segundo arranjo e na hora que fui filmá-los a bateria da máquina já era.

Como não deu pra filmar, eis o registro de imagem da preparação antes de gravar

Sem tempo ruim pra fazer piada, Rômulo simulava um mugido de boi no trombone quando o trio errava a execução. E depois que os três fecharam o arranjo, Márcio ainda gravou uma flauta. "Só vamo ali, não chamem outros não, viu", avisa Ricardo, antes dos músicos saírem para um café.

De "Perfume ao Vento", eles começam a pensar n`"Ela". E Márcio Rezende preparou um arranjo de flauta para o samba de Pantico Rocha. Enquanto o saxofonista desenrolava, Ricardo aproveitava a pausa nos trabalhos do trumpete para tirar um cochilo de braços cruzados no sofá, até ser interrompido por Rômulo com um beliscão entre as pernas. "Gravando?", acordou o trumpetista de uma vez. "Não, dormindo...", respondeu Rômulo.

De fato, os sofás do estúdio são convidativos pra dormir e eu mesmo aproveitei um bom pedaço. Acordei e percebi que, ao contrário das duas passagens isoladas de "Perfume ao Vento", "Ela" tinha vários trechos preenchidos pelos metais e Gustavo ia pedindo mais ainda.

* Este projeto foi contemplado pelo I Edital de Incentivo às Artes para Pessoas com Defiência (Secult - Ce)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O Making of do Making of

Texto e Fotos: Felipe Gurgel

Como tem sido de praxe às quartas - feiras, no último dia 9 muita gente passou pelo estúdio. Além dos músicos convidados e do próprio Gustavo, uma equipe de reportagem da TV O Povo foi registrar essa movimentação. E fez o "Making of do Making of" do Movimento* - o disco. Como ficou a reportagem, eu ainda não sei. Em contato com a Camila Vieira, produtora de lá, ela me avisou: amanhã (quinta, 17), às 22h40, o material editado vai ao ar a partir do segundo bloco do programa Viva, apresentado pela Isabel Andrade. Tem reprise na sexta, às 11h. A TV é o canal 23 da NET, 11 da TV Show e 48 pelo sinal aberto (UHF).

Antes da chegada da TV, o expediente no estúdio começou cedo. Às 9h, o baterista Denílson Lopes apareceu para gravar duas músicas: "Ei Morena" e "Ela". Enquanto montava o set pra gravar, o batera me contou a história dele todinha. Denílson tem 20 anos de vida free lancer no cenário musical local. "Sou da panela", brinca ele, que acompanhou Kátia Freitas, Manassés, Cacau Brasil (com quem excursionou pela Europa e pelos Estados Unidos), Paulo Façanha e até Fagner (nos anos 90). “Eu costumava dar aula também, mas não tava dando pra conciliar, sempre tem gravação ou show pra fazer”, observa.

Denílson escolhe quais peças usaria para gravar "Ela"

Músico de pegada forte, Denílson me diz que começou ouvindo AC/DC, Black Sabbath e outras bandas de hard rock, e por um tempo foi taxado de não alisar: “a música cearense normalmente é muito comportada, então eu era criticado (pela pegada), tocava com o bumbo forte”. Ele e o Gustavo Portela saem para tomar um café antes de gravar. Nesse tempo, percebo que o Dellano Rios (repórter do Diário do Nordeste) tinha adiado a passagem dele pelo estúdio mais uma vez, que estava marcada pela manhã.

Depois do café, voltaram cheios de idéia para a música da vez: “Ela” é de autoria do Pantico Rocha. Um samba esperto que rima Ipanema (Rio de Janeiro) com Praia de Iracema (Fortaleza) - talvez uma referência autobiográfica sobre as duas cidades em que o músico reside. Gustavo me conta que o Pedro Luís e a Parede também tem trabalhado numa versão dessa música. Nas mãos de Denílson, a levada d`“Ela” sai rapidinho, em poucos takes.

O batera ainda gravou "Ei Morena” - que por coincidência saía enquanto o autor da composição, Danilo Guilherme, chegava no estúdio. É a música com mais clima de praia do disco. Quando o Gustavo ainda definia o repertório do projeto, havia uma indefinição sobre o título dela. Danilo chamava “Morena da Hora”. Gustavo preferia “Ei Morena”. Prevaleceu a segunda opção.

Danilo Guilherme é autor de "Ei Morena" e está presente em quase todas as sessões de gravação do disco

Depois do almoço, aguardávamos o Cristiano Pinho chegar para fazer o cavaquinho d`“Ela”. O guitarrista chega e - já que não é muito de falar - logo pega uma cifra pra aprender a música. Ele está com o segundo disco solo ("Cortejo") recém-lançado e fez temporada promocional um dia desses. Além disso, Cristiano acompanha a mulher Kátia Freitas, Fagner, e por aí vai.

Logo que o Cristiano entra na sala e começa a gravar, a TV O Povo aparece pra fazer a reportagem sobre a gravação do disco com foco neste “making of”, “blog-doc”, ou “diário de gravação”, como preferiu chamar o repórter Daniel Aderaldo. Ele veio acompanhado de Glauber Martins (assistente) e Sérgio Ricardo (cinegrafista). O detalhe é que a pauta que o Daniel pegou sobre o estúdio dizia que era um "Big Brother Musical" - em referência ao registro do que acontece durante as sessões de gravação do disco. Não exatamente, mas fica a idéia para um próximo projeto similar. Basta o Airtinho deixar a gente instalar as câmeras pra transmissão ao vivo.

Entrevistaram o Cristiano (trecho no vídeo abaixo), eu, Gustavo e o Danilo para a edição. A reportagem involuntariamente rompe a dinâmica da gravação e nós temos que se portar como se eles não estivessem no estúdio. Difícil. No meio da reportagem, o Cristiano teve que sair pra atender outro compromisso e ficou de voltar depois. Retornou quando a TV já tinha ido embora. “Cara, acho que vai ficar massa”, comentou Daniel, antes de ir.



* Este projeto foi contemplado pelo I Edital de Incentivo às Artes para Pessoas com Defiência (Secult - Ce)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

As Andréas

Texto: Felipe Gurgel
Fotos: Danilo Guilherme e Felipe Gurgel

Duas cantoras foram as primeiras mulheres a participar das sessões de gravação de Movimento*. Andréa Santos (UFC) e a xará Andréa Piol (Encarne) gravaram vozes nesta semana, de segunda (7) até cá.

A Fuga

Na minha avaliação, "A Fuga" é uma das melhores composições do Gustavo Portela. E para o disco, ele convidou Andréa Santos, cantora do curso de graduação da UFC, para gravar a faixa. O primeiro registro da canção, por sinal, é na voz da xará, Andréa Piol - lançado no segundo EP do Encarne. Em "Movimento", a música ganha uma modelagem mais pop se comparada ao arranjo suavizado do grupo autoral.

Na segunda (7), cheguei ao estúdio às 14h30 enquanto ela ouvia "A Fuga" com o Gustavo. Andréa Santos já tinha gravado uma música própria com ele comandando a mesa, para participar de um festival da UECE. "Tenho muita música própria guardada, preciso gravar isso", diz ela, que por enquanto não tem grupo fixo e se dedica exclusivamente à graduação.

Gustavo ajeita o microfone antes de Andréa Santos cantar

"A faculdade me suga muita energia. Estudo lá onde o vento faz a curva (na Casa José de Alencar, Alagadiço Novo)", conta. Bem tímida, ela fica acanhada quando o Danilo tenta tirar fotos dela no estúdio se preparando para gravar. O jeito foi fazer as imagens de modo que ela não percebesse, de dentro da sala técnica, no escuro.

Com nítida técnica vocal, Andréa Santos gravou duas vozes diferenciadas, em tons distintos. "Ela tem um timbre peculiar, né", percebeu Gustavo.


Pra Você

Andréa Piol (re)apareceu no estúdio na quarta (9). Chegou bem na hora que uma equipe de reportagem da TV O Povo gravava entrevistas comigo, Gustavo, Danilo e com Cristiano Pinho - que gravou um cavaquinho para "Ela" (Pantico Rocha). Ainda com a presença da equipe, Andréa tinha de passar a voz e ainda se concentrar mesmo com o movimento atípico no estúdio.

Andréa Piol relaxa depois de gravar "Pra Você"

Ela cantou "Pra Você", parceria do Gustavo com o Cláudio Mendes - cuja história já contei neste blog a pretexto da gravação do violão do Bob para a faixa. Enquanto a cantora aquecia a voz, o repórter da TV, Daniel Aderaldo, achou a música familiar. "Cara, acho que já ouvi isso...", comentou, enquanto apurava matéria para o Viva - programa de cultura da emissora local. Na próxima postagem, falo com mais detalhes sobre a passagem da TV pelo estúdio.

Não sei se houve influência da quantidade de gente no estúdio, mas a cantora demorou a se encontrar na música. Até brinquei com ela que a TV tinha atrapalhado a concentração. Por fim, "Pra Você" pareceu feita para a voz dela, com a delicadeza - afinada com a bela melodia executada pelo violão - que já faz da parte do DNA das linhas vocais do Encarne. Pra quem ficou curioso: Andréa Piol tem feito poucos shows com o grupo autoral, mas canta samba todas as sextas na Cabana da Negona (Varjota).

* Este projeto foi contemplado pelo I Edital de Incentivo às Artes para Pessoas com Deficiência (Secult - Ce)

domingo, 6 de dezembro de 2009

Movimento: A Música

Texto e Fotos: Felipe Gurgel

Quarta (3) foi um dia longo para o disco. Às 10h (horário que músico normalmente dorme), cheguei ao estúdio e de cara o Gustavo me avisa que o Adriano Azevedo (baterista) ia furar - por conta de um compromisso dele na Casa Civil do governo. De última hora, o produtor ligou para outros músicos a fim de preencher o horário, mas nada feito. O próprio Gustavo aproveitou o tempo livre e pôs sintetizadores em Movimento* - a faixa-título.

Gustavo gravou sintetizadores em "Movimento" - a música

Pausamos para o almoço e comemos na (rua) Joaquim Nabuco. Na volta, pegamos o Bob (Argonautas) em casa para ele refazer um solo de acordeon em "A Fuga". Veio com uma cadela de estimação na mão. Pensei que ela iria para o estúdio, mas a bichinha só pegou uma carona até o pet shop.

Embora fosse um solo, Bob matou o compromisso logo que o Gustavo deu a deixa: "Pode relaxar, tem muita nota ainda". A exemplo da manhã, à tarde tivemos outro furo: a equipe da TV O Povo visitaria o estúdio para gravar uma reportagem sobre o processo de gravação e este blog, mas remarcou - sem problemas - para próxima quarta (9). Perderam uma sessão diferenciada: nesta tarde, o argentino Mariano - que nega qualquer sobrenome ("na minha banda me chamam de ´João Gilberto´", diz ele) - gravou a voz da faixa-título.


Mariano (de blusa amarela) e Bob (de pernas cruzadas) passaram pelo estúdio no mesmo dia

"Quero ser cearense", dizia o cantor, cheio de sotaque da terra natal ainda, revelando o objetivo que o fez voltar pra Fortaleza no último mês de março, depois de passar um ano na Argentina. Ele toca de terça a domingo na praia de Canoa Quebrada (CE), por onde fatura cerca de R$ 50 por dia. "Sou da periferia, da região metropolitana de Buenos Aires", conta. "Volta pra lá, macho, é muito mais civilizado do que aqui", avisa Gustavo. "O próprio cearense não se valoriza. Vida mais sofisticada não quer dizer que seja melhor", devolve Mariano (sabiamente).

O cantor gravou com a presença do autor da música no estúdio. "Vou sair da frente do cara", dizia Danilo Guilherme, para não intimidar. O compositor parecia meio inseguro, embora dissesse que não. E de vez em quando não resistia em dar pitaco na performance do argentino, mesmo dizendo para todos dentro do estúdio - incluindo a cantora Andréa Piol, que apareceu no meio da sessão - que estava "relax".

Gustavo apaga a luz da sala técnica para favorecer a concentração do vocalista. E Mariano cantava em portuñol, na verdade. O que deu um diferencial à interpretação da música e deixou o clima dela (sem querer parecer óbvio) mais latino possível - embora o português dele não saísse com a pronúncia super correta. Confira abaixo neste vídeo gravado com trecho da sessão:





* Este projeto foi contemplado pelo I Edital de Incentivo às Artes para Pessoas com Deficiência (Secult - Ce)





Semana de 30/11 a 4/12

Texto: Felipe Gurgel

A terceira semana de gravação de Movimento*, que seria compreendida de 30/11 a 4/12, na verdade começou antes. No último dia 29 (domingo), o onipresente Danilo Guilherme fez o baixo de "A Fuga" - música própria do Gustavo que o Encarne lançou em EP ano passado. A sessão foi marcada excepcionalmente e o registro passou batido.

Na seqüência, o baterista Marcelo 2Hum (Racional Soul / Baby Dolls / Vários Outros) apareceu quarta (2) à noite, no estúdio. O Gustavo pediu que ele gravasse "Jim Krall Adverte", faixa de autoria do Anderson, vocalista do Racional Soul. "Ele não tem nome. Não foi nem batizado", diz Marcelo, explicando a falta de sobrenome do colega. O batera ainda não conhecia a música e para pegar direito teve que esperar o produtor gravar uma guia com voz e guitarra. Além do Racional Soul, os dois costumam dividir o palco com a Baby Dolls também. "Botei o Gustavo na banda. É uma banda de baile que toca tudo", conta o baterista.

Enquanto Marcelo montava o set da bateria e emplacava uma conversa sobre outras idéias de sucesso, glamour, gigs e (répudio ao) Domingão do Faustão, percebi que eu havia esquecido a máquina fotográfica. Até tentei fotografar o Marcelo pelo celular, mas a qualidade ficou vergonhosa. Ficamos sem imagem nessa postagem, então. Na próxima procuro compensar.

Como o baterista desconhecia "Jim Krall Adverte" antes de pisar no estúdio, ele foi taxativo: "vai ser Control + C e Control +V", dizia, sobre as colagens que provavelmente seriam feitas mais adiante. À medida que produtor e músico gravavam, ambos iam descobrindo outras possibilidades para a música. De um samba, ela virou um funk e Gustavo acompanhava no baixo para ajudar a preencher o groove.

Guiguêro nato - na hora que estava dentro do estúdio o telefone do baterista tocou duas vezes com gente atrás dele pra tocar, Marcelo ainda sugeria outra linha de baixo para a música e cobrava: "quero mais 100 reais pelo arranjo, viu".

* Este projeto foi contemplado pelo I Edital de Incentivo às Artes para Pessoas com Deficiência (Secult - Ce)

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Semana de 23 a 27/11

Texto: Felipe Gurgel
Fotos: Danilo Guilherme
A semana passada rendeu: entre algumas sessões que a cobertura do blog não pegou - como a gravação do baixo de Lucas Ribeiro e da bateria de Marcelo 2Hum - o registro de percussão predominou na construção de "Movimento" *. Igor Caracas (Nigroover / Breculê / Consiglia Latorre) deu as caras no estúdio logo na segunda - feira (23). Cedo, a partir das 9 da manhã, ele tinha um certo problema pra resolver: gravar uma linha percussiva para "Ela Jaz" - música de Fábio Dória (Macula) carregada de melodias fortes e estrutura torta (!). Ela consta no único EP lançado pelo ex-trio cearense.

Igor e seu set percussivo espalhado pelo estúdio


Sem uma lógica linear, "Ela Jaz" deu trabalho para Igor começar as gravações. "Ainda bem que eu não tô com a (versão) original na cabeça", dizia o percussionista, ainda entendendo como acertar a música. Em "Movimento", a canção ganhará uma versão mais delicada, diferente da original. "Penso em chamar a Kátia Freitas pra cantar essa música, não sei se ela toparia", especula Gustavo, sobre o(a) titular da voz principal.

A dificuldade de "Ela Jaz" também está na interpretação do próprio Fábio Dória, que gravou a guia de registro da música no estúdio. "Se não entrar na onda dele, fica pra trás", observou Danilo Guilherme - outro músico parceiro do projeto (ele fez a canção que dá nome ao disco) e fotógrafo oficial das sessões. Danilo é autor de "Escolher Pra Quê?", parceria com Fernando Catatau que rendeu a música de trabalho de Uhuuu, último álbum do Cidadão Instigado.

Depois de gravar a levada principal, Igor partiu para as "perfumarias" do arranjo percursivo. Do set de percussão que levou para o estúdio, puxou um "ocean drum" - espécie de pandeiro gigante que simula o som do mar - e gravou num take só.

Meu Amigo Imaginarium - Na quinta (26), foi a vez de Éden Barbosa (Nigroover / Racional Soul) gravar com Gustavo duas músicas de sua banda autoral, a instrumental Meu Amigo Imaginarium. Também percussionista, Éden gravou "Gelo Fino" e outra música ainda sem nome. Vez por outra, Gustavo costuma tocar baixo com o grupo. A gravação, que começou pela manhã, teve pausa para um almoço tardio (das 14h30 às 15h10). Cheguei bem na hora que o Gustavo e o Jael (videomaker) lavavam roupa suja com o Éden por conta de atraso e dispersão no estúdio.

Éden, Jacinta e Gustavo: Meu Amigo Imaginarium no estúdio


Depois de ouvir as reclamações e soltar uma série de sugestões para o nome da banda de Gustavo (tipo "Gustavo Mãozinha e os Dedinhos Nervosos"), Éden voltou mais concentrado ao estúdio. E fez "Gelo Fino" com Jacinta (do grupo Samba de Rosas) dividindo as congas.

* Este projeto foi contemplado pelo I Edital de Incentivo às Artes para Pessoas com Deficiência (Secult - CE)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Semana de 16 a 20/11

Texto: Felipe Gurgel
Fotos: Danilo Guilherme e Felipe Gurgel

Tentei começar a documentar as gravações de "Movimento"* desde 16 de novembro, segunda da semana passada. No dia, o Régis Damasceno (Cidadão Instigado / Guizado / Lucas Santanna) fez o baixo de "Perfume ao Vento", aquela mesma música do vídeo do post anterior. O Régis, que mora em São Paulo, apareceu em Fortaleza a pretexto de alguns shows pelo Cariri, com o Cidadão e com o Lucas. Infelizmente, peguei uma crise alérgica braba e não fui ao estúdio. Ficamos com esta foto de lembrança:

Régis (à direita) gravou e depois voltou pra SP

Pós-Régis, o Gustavo demorou até o fim da semana para gravar outro convidado. Com exceção das sessões em que ele grava sozinho e não me avisa, a sessão com o Bob (violonista do Argonautas) foi agendada na seqüência (sexta, dia 20). "Quero fazer um violão bem feitinho pra essa música", dizia o produtor, justificando a presença do amigo no estúdio. Além do Argonautas, Bob dá aulas de violão, é ilustrador e já socorreu os músicos do Encarne no palco e até na TV - "Ele foi para a TV União no nosso lugar uma vez. E substituiu o Aldenor no Mercado dos Pinhões", lembra Gustavo.

Bob gravou "Pra Você", música de Gustavo em parceria com Cláudio Mendes. "Já conhecia ela. A gente só tem que mudar algumas coisas", diz o violonista, pouco falante. A canção nunca foi gravada por nenhum dos projetos do produtor. O único registro dela consta no You Tube, numa versão bem básica de 2007. "Imagino uma mulher cantando. A maioria das minhas composições é meio baitolinha, mais delicada, então tem que ser", sugeria Gustavo, pensando alto.

De uma amizade que data da época de colégio, Gustavo chamou Bob para fazer o violão de "Pra Você"

* Este projeto foi contemplado pelo I Edital de Incentivo às Artes para Pessoas com Deficiência (Secult - CE)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Gustavo em Movimento

Texto e Foto: Felipe Gurgel

Olá!

Este é o primeiro post do blog-documentário de um disco coletivo, mas antes centrado num cara só. Explico: Gustavo Portela, músico de vários projetos da noite de Fortaleza (vulgo "guiguêro") e da banda Encarne, assume o expediente de produtor musical em "Movimento" * - disco com repertório de canções próprias e parcerias. Estas resultado tanto da vivência pela noite, como da experiência de seus grupos autorais. Hoje, o Encarne. E antes, o Et Circensis.

Gustavo (à direita) com Bob (Argonautas) no estúdio

Como quem ganha a vida com música, Gustavo além de tocar e compor labuta como técnico de gravações. "Movimento" é a permissão que o músico tem para fazer tudo dentro do estúdio: tocar, criar, arranjar, dirigir, um pouco de cada coisa. "Não sei ainda como me apresentar com esse projeto porque não sou eu que vou cantar, produzo com vários convidados", diz ele, ainda na dúvida se encara o disco como carreira solo ou não.

De tantos convidados, alguns já passaram pelo estúdio do Airtinho (o Planeta) - no Dionísio Torres, em Fortaleza (CE). E será a partir do registro da presença deles gravando que este blog vai documentar a construção de "Movimento" - o disco. Nos acompanhe.

Pra começar, um trecho em vídeo da gravação do baterista Pantico Rocha (Lenine, Pantico & As Rochas, entre outros projetos). A música é "Perfume ao Vento" (Daniel Groove):




* Este projeto foi contemplado pelo I Edital de Incentivo às Artes para Pessoas com Deficiência (Secult - CE)